A vila de Óbidos acolheu, de 1 de Dezembro de 2006 a 6 de Janeiro de 2007, a iniciativa ‘Óbidos Vila Natal BES’, por onde passaram mais de 155 000 visitantes, duplicando o número de visitas esperadas para este evento e evidenciando o seu notório sucesso. Milhares e milhares de pessoas renderam-se ao charme da encantadora vila obidense, o primeiro parque temático do País e da Europa alusivo ao Natal, promovido pelo Município de Óbidos e com a intervenção do Banco Espírito Santo, na qualidade de Mecenas.
Tive a oportunidade de visitar a Vila Natal, onde fui surpreendida pela variedade de espaços recriados e embelezados, com o particular objectivo de encantar o imaginário infantil, apesar de agradar tanto a miúdos como a graúdos. Cruzei-me com dezenas de animadores, entre os quais Duendes, Renas, Bonecos de Neve e, claro, quem não poderia faltar a este evento: o Pai Natal. A iniciativa contava com diversos atractivos mágicos, dos quais saliento a Pista de Gelo, a Aldeia do Pai Natal e o Presépio e ainda todas as iniciativas que passavam por concertos, desfiles, decoração das ruas e até a queda de neve artificial!
Tenho também conhecimento de que existiram acções de cariz social e solidário, tendo sido distribuídos dezenas de presentes a crianças desfavorecidas de algumas instituições, pelas mãos do jogador Cristiano Ronaldo, e tendo mesmo existido uma campanha para oferecer um cabaz de natal às famílias mais carenciadas do município, mostrando que não se tratou só de um projecto económico, que porventura ofuscaria a magia e o verdadeiro sentimento do Natal. Veio a provar-se o contrário.
Nas palavras de Telmo Faria, presidente da Autarquia, "três objectivos dominaram este evento: o Natal, a Solidariedade e a Família e foram, claramente, atingidos. A revitalização económica também foi muito importante. A Óbidos Vila Natal Banco Espírito Santo foi um bom exemplo de como é possível dinamizar economicamente um vasto conjunto de actividades, com uma grande ocupação na hotelaria, restaurantes e no comércio em geral. Por outro lado, com este evento a imagem da Vila de Óbidos gerou para o exterior a dinâmica de uma vila forte. Foi um indiscutível promotor do concelho". E o Presidente não se engana e os números assim o mostram. Dos 155 000 visitantes, cerca de 60% foram crianças, 5 toneladas de guloseimas foram vendidas, o volume de negócio dos comerciantes locais, em média, quintuplicou, e chegou mesmo a decuplicar no caso de alguns comerciantes, imagine-se bem!
De repente, parto de Óbidos e o sonho e o encanto desvanecem. Chego à Lourinhã, a Vila Jurássica que tanto gosto. Não há luz, nem a cor nem o brilho de projectos como este que bafejou Óbidos de visibilidade económica e que proporcionou a milhares de pessoas momentos de lazer de indiscutível qualidade.
Analisando a questão, e não tirando o mérito a Telmo Faria e a toda a uma equipa por detrás do projecto ‘Óbidos Vila Natal’, o Natal existe em todo o lado. Não é algo exclusivo ou próprio de uma terra, que nos conduza a uma clara identificação. Apesar de tudo, foi feito investimento e esquematizada toda uma estratégia de marketing, que conduziu ao sucesso da iniciativa.
Já nós, na Lourinhã, temos o privilégio de ter os dinossauros, alguns deles achados únicos e inigualáveis em todo o mundo. Somos a Capital Europeia dos Dinossauros. E do que nos serve isso? É certo que é de louvar o esforço do Museu da Lourinhã, por tudo o que tem feito em prol dos dinossauros, mas já se pede mais a uma terra que tem todo este património do que simplesmente o mostrar num museu, semelhante a qualquer outro museu de uma qualquer outra autarquia. Pede-o a Cultura e pede-o também a Economia, o Desenvolvimento, o Progresso, que têm de ser palavras cada vez mais comuns no nosso quotidiano e não umas longínquas desconhecidas.
Não posso deixar de referir o projecto de criar um Parque Temático dos Dinossauros, promovido pela Coligação Novos Rumos (PPD/PSD-CDS/PP), nas últimas Eleições Autárquicas. Este Parque, tirando partido dos achados de dinossauros, pretendia lançar uma indústria de lazer, divertimento, conhecimento e ciência, que impulsionasse a Economia e o Turismo. Pretendia-se um projecto arrojado, em que este Parque, devidamente integrado por um arranjo paisagístico, possuísse zonas de lazer, divertimento, desporto, áreas de restauração, hotelaria, um Museu dos Dinossauros, uma Biblioteca, um Centro de Ciência Viva, um Pavilhão Multiusos com Centro de Congressos e uma Sala Espectáculos.
Havia já contactos com diversas equipas de técnicos, especialistas e investidores nacionais e estrangeiros que manifestaram o propósito de investir na Lourinhã, tirando proveito das suas potencialidades, pois é zona de praia e de campo, muito próxima da capital do país.
Na altura da campanha, foi bastante criticado por se falar na hipótese de criar cerca de novos 500 empregos directos e indirectos e por se anunciar a atracção de 300 000 visitantes por ano. Houve quem nos chamasse de utópicos, sonhadores e quem até sugerisse que não existiria seriedade intelectual e honestidade política em anúncios desta natureza. Recordo-me até da polémica que um cartaz colocado numa das rotundas da Lourinhã, junto ao Centro de Saúde, provocou. Como o tempo clarifica as coisas e nos vem mostrar a Razão, (à semelhança da História, que tem o dom de nos poder julgar sem punições maiores no Futuro do que aquelas que já temos no Presente), creio que seria importante o nosso Poder Local colocar os olhos em Óbidos e em Braga, onde nunca foram descobertos dinossauros, mas onde existe um parque temático a eles dedicado: a ‘Bracalândia’.
Em suma, Óbidos é a Vila Natal e Lourinhã a Vila Jurássica, em Óbidos é tradicional a ginja e na Lourinhã a aguardente (que integra uma das três zonas demarcadas no globo, sendo que as outras duas se situam em França), Óbidos é Vila Medieval e tem o encanto das suas muralhas e a Lourinhã é vila de praia e de mar, de campo, zona rural, de rara beleza. Diversos paralelos poderiam ser estabelecidos, mas só a antítese salta aos olhos de todos: Óbidos tem uma Autarquia Local dinâmica, com governantes auspiciosos e empreendedores, dinâmicos… já a Lourinhã mergulhou no marasmo e contenta-se com as migalhas do progresso e conforma-se em ser uma Vila e um Município igual a tantos outros. Cabe-nos a nós, lourinhanhenses, inverter o rumo das coisas, trazer Novos Rumos. Seremos capazes de aceitar este desafio?
Fernanda Marques Lopes
Vice-Presidente do PSD/Lourinhã
Membro da Assembleia Municipal da Lourinhã